terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu e Tu




Dois! Eu e Tu, num ser indispensável!

Como Brasa e carvão, centelha e lume,

oceano e areia, Aspiram a formar um todo, — em cada assomo

A nossa aspiração mais violenta se ateia...


Como a onda e o vento, a Lua e a noite, o orvalho

[e a selva — O vento erguendo a vaga, o luar doirando a

[noite, Ou o orvalho inundando as verduras da relva

— Cheio de ti, meu ser de eflúvios impregnou-te!


Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,

O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,

O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,

— Nós dois, de amor enchendo a noite do degredo,

Como partes dum todo, em amplexos supremos

Fundindo os corações no ardor que nos inflama,

Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,

Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama...



António Feijó, in 'Sol de Inverno'



PS: Amo-te

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